- Juan Pablo Pérez Sáinz
A questão social na América Latina foi despolitizada desde a década de 1980, com base na concepção de privação imposta pelas abordagens predominantes da pobreza. Embora posteriormente, devido à importância adquirida pelo problema da desigualdade, a questão do poder não pudesse ser ignorada, foi imposta uma visão que limitou a compreensão do conflito. Neste texto, e com base em uma proposta alternativa para abordar as desigualdades, em que o poder e o conflito ganham destaque, o objetivo é repolitizar o social. Nesse sentido, dois conjuntos de questões são abordados. A primeira tem a ver com a dinâmica de profundo desempoderamento gerada pelo novo modelo de acumulação globalizada, que sustenta a ordem (neo)liberal, e que levou uma parte não negligenciável dos setores subalternos a ser encurralada em uma situação de marginalização social. A segunda é que, apesar disso, há respostas desses setores para resistir a esse desempoderamento e até mesmo revertê-lo parcialmente. Entre essas respostas, foram destacadas a violência, a migração, a religiosidade e a ação coletiva. Conclui-se com reflexões sobre a relevância de pensar sobre as desigualdades a partir dessa perspectiva, a fim de ver como o social, com a ordem (neo)liberal, foi repolitizado de forma ampla e profunda.
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