Gonzalo A. Saraví é professor-pesquisador do CIESAS na Cidade do México e membro do Sistema Nacional de Pesquisadores. É Ph.D. em Sociologia pela Universidade do Texas em Austin, EUA, e suas áreas de especialização são juventude, desigualdade e exclusão social, sociologia da educação e estudos urbanos na América Latina. Publicou livros, artigos em periódicos nacionais e internacionais e inúmeras contribuições para obras coletivas.

Colóquios interdisciplinares

Comentário ao colóquio "Desigualdades e a re-politização das questões sociais na América Latina" por
  • Juan Pablo Pérez Sáinz
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Desigualdade social na América Latina. Explicações estruturais e experiências cotidianas

  • Gonzalo A. Saraví

Palavras-chave: América Latina, classe social, desigualdade, experiência de desigualdade, fragmentação social.

Como parte do colóquio interdisciplinar proposto pela revista Encartes, e com base no texto de Juan Pablo Pérez Sáinz, este texto busca complementar e ampliar o debate sobre a desigualdade social na América Latina. Com o objetivo de ir além de uma visão estritamente econômica do tema, o autor propõe, por um lado, incorporar dimensões sociais e culturais à análise e, por outro, assumir a desigualdade como uma experiência de classe. Essa é a origem de seu conceito de fragmentação social. Inicialmente, o artigo analisa os dados mais recentes sobre a distribuição de renda primária e secundária na América Latina nos últimos 15 anos. Fica claro que esses indicadores não correspondem necessariamente à experiência das diferentes classes sociais, que estão vivenciando uma crescente fragmentação e distanciamento de suas experiências de vida, o que impõe a necessidade de uma abordagem etnográfica da desigualdade. Essa fragmentação dificilmente pode ser compreendida sem uma análise dos mecanismos e processos sociais de classificação social, que legitimam as hierarquias e as lacunas entre as classes sociais. Para o autor, a disparidade na distribuição de renda e riqueza é fundamental para a gênese da fragmentação social, daí a centralidade que ele atribui ao papel que o Estado pode desempenhar.