Laura Raquel Valladares de la Cruz é PhD em antropologia e professora pesquisadora do Departamento de Antropologia da Universidad Autónoma Metropolitana-Iztapalapa desde 2001. Ela é membro do Sistema Nacional de Pesquisadores, nível I. Seu trabalho de pesquisa se concentra em movimentos e organizações indígenas no México, um interesse que ela mantém há mais de três décadas e que a levou a estudar questões como formas de organização e resistência e estratégias de luta dos povos indígenas no México, bem como os direitos coletivos dos povos indígenas. Nessa última área, ela analisou seu impacto nas organizações indígenas e seu papel na construção das plataformas políticas de várias organizações. Outro de seus tópicos de reflexão e pesquisa tem sido o processo organizacional e as demandas de mulheres e jovens indígenas de diferentes grupos étnicos. Ela estudou a situação dos direitos humanos das mulheres indígenas em comunidades nos estados de Guerrero, Oaxaca, Puebla, Querétaro, Veracruz, Michoacán e no Estado do México. Outra linha de pesquisa concentrou-se na análise das políticas multiculturais e pós-multiculturais implementadas no México desde a década de 1990 até o presente, sob a perspectiva da antropologia jurídica.

Realidades sócio-culturais

Mulheres indígenas em meio à guerra: antigas e novas expressões de violência

  • Laura Raquel Valladares de la Cruz

Palavras-chave: extrativismo neoliberal, gênero, interseccionalidade, mulheres indígenas, violência contra a mulher.

Aao longo da história, tem sido demonstrado que em um grande número de conflitos há uma constante: a violência dirigida contra as mulheres, utilizando-as como despojos de guerra para denegrir e prejudicar os contendores, sejam eles povos, grupos ou indivíduos. Isso não é diferente nos conflitos contemporâneos enfrentados pelas mulheres dos povos indígenas, especialmente nos casos relacionados à luta pela construção, defesa e fortalecimento dos modelos autônomos de seus povos e comunidades, bem como naqueles relacionados à oposição dos povos aos megaprojetos extrativistas que ameaçam despojá-los de seus territórios. Nesse cenário, as mulheres indígenas estão sendo submetidas a uma violência adicional, não apenas como despojos de guerra, mas também por causa de seu ativismo político, seja como autonomistas, líderes de organizações, sufragistas, feministas ou antiextrativistas. Nesse contexto, este artigo apresentará uma visão geral das diferentes interseções de gênero, classe e etnia que, em um contexto extrativista neoliberal, violam homens e mulheres dos povos indígenas, questionando o poder, a (in)justiça e o modelo econômico atual, com foco nas continuidades e nas novas expressões de violência contra as mulheres indígenas.