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Temáticas
Vol 5 No 10 (2022)
As meninas não querem mais se divertir: violência baseada em gênero e autocuidado nos subúrbios da Cidade do México
- Miriam Bautista Arias
Palavras-chave: insegurança, recreação, táticas, tráfico, vida cotidiana.
Municípios como Tultitlán, Coacalco e Ecatepec, no Estado do México, fazem parte de um corredor de tráfico de pessoas há vários anos, onde o desaparecimento de mulheres se tornou uma constante; diante desse cenário, os habitantes dessas localidades narram suas experiências de insegurança e medo, suas práticas de autocuidado e mostram como o perigo molda as atividades cotidianas. As histórias dessas jovens mulheres tornam visível a maneira como a violência molda as subjetividades femininas em contextos em que os perigos são inevitáveis e a vida não pode ser interrompida por causa deles; a única alternativa é se adaptar. Na experiência dessas mulheres, o medo não é uma possibilidade distante e aleatória, mas um risco latente e próximo, contra o qual elas conseguem lutar todos os dias, mas sabe-se lá por quanto tempo: todas elas relatam situações de perigo que, por acaso, não se concretizaram. Em particular, o lazer está inscrito em um discurso sobre a impossibilidade de estar seguro em qualquer lugar, de proibição e culpabilização da vítima; a vida noturna, esporádica e limitada, é caracterizada como "destrambelhamento" ou "comportamento imaturo e irresponsável".