Recepção: 17 de janeiro de 2024
Aceitação: 18 de janeiro de 2024
O Antropoceno, como conceito e estrutura para pensar e produzir conhecimento sobre questões contemporâneas, tem suscitado múltiplos debates sobre a validade e o alcance de suas propostas. A riqueza do conceito permitiu situar um limiar, um ponto de inflexão na vida planetária, e reuniu diferentes marcos disciplinares para pensar e discutir a complexa articulação das dimensões que compõem as múltiplas crises globais: mudanças climáticas, alteração da cobertura vegetal, uso extremo dos recursos naturais, perda da biodiversidade, alteração e degradação da biosfera, poluição intensiva dos corpos hídricos superficiais e subterrâneos e demanda ilimitada de energia.
As ciências naturais e da terra debatem se essa é ou não uma nova era geológica, na qual a intervenção da espécie humana teria um papel fundamental; entretanto, outros debates surgiram nas ciências sociais e humanas. Por um lado, a localização da todos O artigo argumenta que essa concepção dilui nuances e diferenças nas atribuições de responsabilidade de diferentes grupos e estratos sociais pelas consequências das intervenções e modificações do ambiente geobiofísico. Assim, outros termos são propostos para nomear e situar essa época, carregados de diferentes significados e sentidos: capitaloceno, plantationoceno, chthuluceno. Por outro lado, a partir da América Latina, foi apontada a necessidade de incorporar a dimensão histórica e a análise do poder para se referir ao colonialismo e aos diferentes extrativismos e neoextrativismos, bem como às exclusões e desigualdades que colocaram a região em uma posição subordinada e desfavorecida na crise múltipla que constitui a era do Antropoceno. Outra área de debate levanta a viabilidade de alternativas para avançar em direção a "outros antropocenos" e questiona quão radicais as transformações sistêmicas - econômicas, políticas, sociais, culturais e tecnológicas - teriam de ser para permitir essa transição.
Considero essas questões sobre o conceito do Antropoceno pertinentes, mas precisamos ser precisos: é claro que a desigualdade socioeconômica das sociedades contemporâneas põe em dúvida a consciência dos seres humanos como uma "espécie", que homogeneíza a maneira como nossas ações afetaram o meio ambiente e colocaram em risco, sem exagero, a viabilidade das espécies e da vida em geral neste planeta. Na verdade, acredito que essa noção esconde o fato de que as responsabilidades são diferenciadas e que os efeitos da degradação ambiental também têm impactos diferentes. Por um lado, os setores privilegiados e as grandes corporações são muito mais responsáveis pela deterioração ecológica, além do fato de que o maior poder aquisitivo de muitas dessas populações permite que elas não experimentem a mesma magnitude de efeitos negativos que prejudicam as grandes massas empobrecidas. Um exemplo clássico é o acesso à água: à medida que as fontes de água se esgotam e a desertificação avança em muitos territórios, os grupos privilegiados têm medidas de poder para garantir que não lhes falte água, enquanto os menos favorecidos e que não têm poder ou recursos suficientes sofrem com a escassez ou a falta total dela. Entretanto, acredito que isso não deve levar à solução fácil de que somente os poderosos são responsáveis e, portanto, os únicos culpados pela crise ambiental.
É verdade que a era da modernidade favoreceu um modo de vida depredador do meio ambiente, pois, na ânsia de ter mais conforto, há um consumo excessivo de energia, desperdiça-se água, geram-se grandes quantidades de lixo, entre outras ações. É por isso que acredito que há um nível em que todos nós temos a responsabilidade de limpar o planeta e que qualquer projeto que seja realizado de baixo para cima com essa finalidade, por menor que pareça, pode dar uma contribuição. A ideia de espécie, por sua vez, sem o desejo de homogeneizar os seres humanos e apagar a desigualdade, nos lembra que somos parte da natureza e que há outros seres vivos e recursos que nos acompanham e que são indispensáveis para a vida, portanto, não deve ser descartada de imediato, mas reposicionada nas discussões sobre desigualdade, responsabilidades e efeitos da degradação ambiental.
A principal crítica ao termo Antropoceno e ao conceito que o define diz respeito à referência intrínseca do termo à "humanidade" como um todo, sem distinção de áreas geográficas, classes sociais, sistemas e atividades econômicas e outras categorias específicas, o que, argumenta-se, em vez de estimular mudanças sociais e políticas urgentemente necessárias, obscurece a responsabilidade concreta ao enfatizar qualidades humanas intrínsecas, em vez de escolhas resultantes de interesses capitalistas estabelecidos. Falar do Antropoceno significa, com base nessa crítica, falar do Capitaloceno (Trischler, 2017: 50-51), de modo que seria necessário mergulhar nas origens do capitalismo e na expansão das fronteiras da mercadoria para explicar essa fase atual. Nessa perspectiva, a crise atual deve ser concebida como um processo de longo prazo em que novas formas de ordenar a relação entre os seres humanos e o resto da natureza estão sendo desenhadas, conectando dialeticamente o modo de produção e o modo de extração (capitalização e apropriação), por meio do qual o capitalismo assume - e depois esgota rapidamente - as fontes regionais e, em seguida, se expande para novos territórios (Svampa, 2019: 33-53; Machado, 2016; Moore, 2017).
O conceito de "capitaloceno", além de ser amplamente discutido, foi acompanhado pelo desenvolvimento de uma série de categorias analíticas de natureza específica, relacionadas aos próprios sistemas de produção e consumo, às diferenças regionais e aos impactos diferenciados dos mais variados sociometabolismos sobre os mais diversos coletivos sociais. Plantationocene (Haraway, 2016; Lowenhaupt, 2015), econocene (Norgaard, 2013), technocene (Hornborg, 2015), phallocene (Acosta, 2018) e basurocene (Armiero, 2021), são apenas alguns desses conceitos desenvolvidos, seja para dar conta de dimensões específicas do Antropoceno, reconhecendo sua difícil generalização, seja para evitar o reducionismo que tem sido apontado para o conceito de capitaloceno. Com base no exposto, considero de grande valia as críticas ao termo Antropoceno, como forma de tornar visíveis as especificidades e responsabilidades na construção sócio-histórica de uma insustentabilidade que, embora global, é profundamente diferenciada. As críticas, no entanto, também explicam a necessidade e a validade do próprio termo Antropoceno, sem o qual a abundante discussão acadêmica e a ação social sobre suas possibilidades e limites não teriam ocorrido.
Primeiro, o lançamento do termo Antropoceno pelos dois cientistas naturais Paul Crutzen e Eugene Stoermer em 2000 foi importante para sinalizar o escopo e a urgência dessa crise planetária. Essa proposta também aborda uma das dimensões (o planeta) que são difíceis de serem compreendidas pelos pesquisadores das ciências humanas e sociais, pois geralmente estão além de seus interesses (e capacidade) de pesquisa. Além disso, ela aborda a questão da diferença entre as ciências naturais e as ciências humanas mencionada na introdução desta seção. Crutzen e Stoermer não podem ser culpados por sua "estreiteza disciplinar" e, portanto, por sua inclusão insuficiente de fatores geopolíticos e sociais. A geologia, que é a principal disciplina a ratificar o Antropoceno como uma nova época geológica, também não pode ser culpada por isso. Mas Foi exatamente essa discrepância entre a ideia científica de um Antropoceno e as implicações sociais (e históricas) dessa ideia que alimentou os debates que vêm ocorrendo há pelo menos dez anos.
Desse ponto de inflexão surgiram todos os debates em torno do próprio conceito do Antropoceno e a questão da datação dessa época geológica, especialmente empolgante para os historiadores, a questão e a crítica do conceito de espécie humana como o "culpado" do processo do Antropoceno, bem como outra perspectiva muito decolonial e crítica sobre a "modernidade europeia" e questões de longo alcance sobre justiça ambiental, climática e racial. Em minha opinião, o questionamento interdisciplinar contínuo do conceito do Antropoceno e o trabalho em torno dele continuam sendo muito frutíferos. Por último, mas não menos importante, ele desencadeou um debate intensificado entre cientistas sociais e acadêmicos das ciências humanas no Norte e no Sul globais, sem o qual nosso Manual calas sobre a perspectiva latino-americana do Antropoceno não teria visto a luz do dia.
Para dar continuidade ao raciocínio acima, é pertinente lembrar que as sociedades latino-americanas estão entre as mais desiguais e ambientalmente degradadas do planeta, em grande parte devido à história de conquista e colonização. Isso resultou em nações politicamente independentes que ainda sofrem com os efeitos da colonização, como os teóricos da descolonização corretamente apontaram (Quijano, 1992; Mignolo, 2008, entre outros). Esses efeitos significam que a prioridade de cuidar do meio ambiente não parece ser uma prioridade para os líderes políticos e as elites; pelo contrário, foi gerado um sentimento de incapacidade de alcançar um suposto desenvolvimento à imagem e semelhança das potências ocidentais, o que leva a considerar a natureza e os ecossistemas como meros recursos que devem ser usados sem medida para alcançá-lo. Junto com os teóricos decoloniais, surgiram abordagens críticas a esse suposto desenvolvimento, os sacrifícios que ele provocou para alcançá-lo nos países latino-americanos, bem como a necessidade urgente de buscar alternativas diferentes das nossas (Escobar, 2014).
Ao mesmo tempo, desde a época colonial, a extração desenfreada de recursos naturais para satisfazer as necessidades da metrópole tem sido uma constante. Após os vários esforços de industrialização, com seus graus e nuances, nos quais a região esteve envolvida durante o século XX, a industrialização da região tem sido uma constante. xxNos últimos anos, quando estamos apenas começando a falar sobre o "Antropoceno", temos testemunhado o surgimento de um "neoextrativismo" (Svampa, 2019a). Nele, a principal fonte de renda volta a se basear na exportação de bens primários, mesmo em governos ditos "progressistas", que têm se preocupado em mitigar a desigualdade, mas não em preservar o meio ambiente e buscar formas menos depredatórias de se inserir no mercado global.
Na América Latina, Astrid Ulloa alertou corretamente sobre a distância entre as narrativas mais globais, ligadas à mudança climática, em termos do Antropoceno, e as narrativas latino-americanas críticas, ligadas ao conflito ambiental, sobre a dinâmica do neoextrativismo (Svampa, 2019: 40).
No Sul global, mas especialmente na América Latina, há inúmeras experiências que merecem ser resgatadas como alternativas ao neoextrativismo que caracteriza essa fase do capitalismo neoliberal a partir da economia social e solidária, cujos sujeitos sociais de referência são os setores mais excluídos (mulheres, indígenas, jovens, trabalhadores, camponeses) e cuja lógica se baseia na produção de valores de uso ou meios de subsistência. Há também inúmeras experiências de auto-organização e autogestão de setores populares ligados à economia social e ao autocontrole do processo produtivo, formas de trabalho não alienado, reprodução da vida social e criação de novas formas de comunidade. Esses processos de trabalho com a natureza e não contra ela são acompanhados por uma nova narrativa político-ambiental, associada a conceitos como Buen Vivir, Direitos da Natureza, Commons, Ética do Cuidado, entre outros (Svampa, 2019: 44). O resgate da memória biocultural (Toledo e Barrera-Bassols, 2008) e o desenvolvimento de uma ciência pós-normal, cujo norte é a complexidade e o holismo teórico-conceitual, a utilidade social e a coprodução de conhecimentos eticamente orientados para a sustentabilidade da vida (González de Molina e Toledo, 2012: 169; Jiménez-Buedo e Ramos, 2009: 731; Díaz, Rodríguez e Santana, 2012: 169), são outras alternativas inerentes ao paradigma ecológico, que surgiu como uma contraposição à visão de mundo moderna e foi construído com base na crítica, mas também na inclusão de novas teorias e disciplinas científicas. Todas essas alternativas têm duas características fundamentais que merecem ser destacadas: 1) a maioria delas tende a confundir a produção científico-acadêmica da ação social, uma vez que ambas tendem a ser interdependentes; e 2) embora nem todas essas contribuições teóricas, epistemológicas e políticas sejam exclusivamente latino-americanas, foi em nosso subcontinente que elas tiveram um maior desenvolvimento acadêmico e uma notável aplicação prática.
A força das contribuições latino-americanas para o Antropoceno vem da longa tradição da crítica latino-americana ao conceito de modernidade (por exemplo, Aníbal Quijano, Walter Mignolo, Edgardo Lander) e, com ela, a crítica ao conceito de desenvolvimento. No contexto da genealogia do Antropoceno, ambas as noções também foram reexaminadas de forma crítica por pesquisadores de estudos pós-coloniais indianos (Dipesh Chakrabarty, Amitav Ghosh). Intimamente relacionada a esses dois temas e particularmente relevante para o tópico do Antropoceno está a pesquisa latino-americana em ciências sociais e humanas sobre extrativismo e neoextrativismo (por exemplo, Maristella Savmpa, Eduardo Gudynas, Nelson Arellano, Astrid Ulloa), pois esse tópico revela a interconexão entre recursos naturais, (geo)política, justiça ambiental, racismo e vulnerabilidade social. É precisamente a compreensão de tais interdependências socioambientais que torna as complexidades da crise do Antropoceno realmente claras. Isso significa que a pesquisa latino-americana sobre temas supostamente "familiares" pode trazer perspectivas novas, importantes e, acima de tudo, local e regionalmente relevantes para o novo contexto planetário do Antropoceno. Por outro lado, a perspectiva do Antropoceno também desafia essa pesquisa a pensar em novas dimensões e contextos. Outra contribuição característica e muito relevante na América Latina é o conhecimento indígena, incorporado às cosmovisões indígenas, por meio de conceitos como Buen Vivir (Bem Viver) ou sumak kawsctiva. Com esse conhecimento, relações alternativas entre os seres humanos e a natureza podem ser destacadas; de fato, para o Norte global, elas podem ser pensadas em primeiro lugar. Essas perspectivas alternativas sobre "o mundo" são uma preocupação central quando se trata da questão de como realmente queremos e podemos viver neste planeta em um futuro próximo e distante.
Acredito que muitas dessas mudanças estão em andamento e que nosso continente é um foco de experiências sustentáveis que buscam maior equidade social e respeito pela natureza. Muitos desses projetos surgem das visões de mundo dos povos indígenas, que não são de forma alguma remanescentes do passado, apesar de terem sido considerados selvagens e atrasados desde a época colonial e no discurso do "desenvolvimento". É assim que temos no México, mas não exclusivamente, milhares de experiências indígenas, camponesas e urbanas que buscam outra forma de produção e consumo por meio de relações de cooperação e respeito à natureza (Toledo, 2021). Em outras palavras, embora seja necessária uma mudança radical para transformar fundamentalmente a corrida rumo à destruição planetária que vemos no Antropoceno global, observo experiências locais que colocam a vida no centro e buscam se tornar alternativas viáveis, algumas delas com várias décadas de existência. Essas experiências podem ser entendidas como a busca por sociedades biocêntricas, como uma opção à homogeneização social implícita no termo Antropoceno. Se esses projetos serão capazes de transformar o poder político nacional e até mesmo global é uma questão complexa, mas não há dúvida de que eles vêm ganhando prestígio e legitimidade e, em alguns casos, influenciaram mudanças políticas, como os atuais programas governamentais no México que buscam promover a agroecologia, a abordagem do Buen Vivir que chegou às constituições do Equador e da Bolívia no início do século. xxi ou os Direitos da Natureza no caso equatoriano. Resta saber se eles conseguirão avançar em direção a uma transformação radical, pois os altos e baixos da busca pela democracia na América Latina levaram a retrocessos no caso de medidas governamentais, o que fez com que os processos biocêntricos sustentáveis fossem transformados em resistência e defesa de territórios.
Deve-se observar que esse reconhecimento de que há diferentes posições ou contrastes interpretativos não implica o abandono da noção-síntese do Antropoceno, mas nos leva a considerá-lo como um campo complexo e heterogêneo, do qual emergem narrativas diversas, às vezes conflitantes, e, ao mesmo tempo, propostas de diferentes saídas para a crise (Svampa, 2019: 49).
A análise, a reflexão e a ação social e política para promover a criação de alternativas genuinamente sustentáveis para o bem-estar coletivo, com o objetivo de reverter os padrões de injustiça ambiental que refletem profundas desigualdades em várias escalas em termos sociais, etários, étnicos e de gênero, são um imperativo ético que não pode ser evitado.
As alternativas acima têm uma coisa em comum: elas promovem mudanças sistêmicas radicais (decrescimento econômico, bem-estar em vez de "desenvolvimento", coletivismo em vez de individualismo dominante, holismo conceitual e epistemológico em vez de reducionismo determinista, entre outras possibilidades). Isso implica que, dadas as premissas do Antropoceno como indicador máximo da insustentabilidade planetária, o objetivo é resistir a ele para sair dele e não incorporar medidas corretivas mínimas ao "Antropoceno dominante", como propõe o chamado "capitalismo verde", que é claramente considerado insuficiente para garantir a sobrevivência de humanos e não humanos no planeta. Isso não significa que, precisamente por causa da natureza dominante da lógica de desapropriação do capitalismo neoliberal, as mudanças e a implementação de alternativas à(s) lógica(s) do Antropoceno não possam ou não devam ser realizadas gradualmente, de baixo para cima, a partir dos interstícios do poder, como aconteceu com as mudanças historicamente mais importantes para o bem-estar geral dos povos.
Em primeiro lugar, acredito que devemos levar a sério o diagnóstico do Antropoceno, segundo o qual os seres humanos, com suas ações coletivas, têm um efeito enorme e prejudicial sobre o planeta. Logo em seguida, é claro, devemos diferenciar esses "humanos". A política climática internacional (mesmo que o Antropoceno não possa ser equiparado à mudança climática) já estabeleceu um entendimento das responsabilidades historicamente diferenciadas pela emissão de co2. O princípio das responsabilidades comuns, porém diferenciadas (responsabilidades comuns, porém diferenciadas) também pode ser aplicada à questão do Antropoceno. Embora a perspectiva da espécie tenha sido criticada pela falta de diferenciação social e racial e pela ausência de um nível político, ela tem a vantagem de unir os seres humanos em perspectiva como humanidade e colocá-los em conexão e no mesmo nível de outras espécies. Com esse exemplo, quero ilustrar um princípio que, para mim, é importante no contexto da questão do Antropoceno: analisar conceitos - mesmo que não possamos ou não queiramos aceitá-los em sua totalidade - para ver que perspectivas úteis, desconhecidas e desafiadoras eles nos trazem, em vez de aceitá-los ou rejeitá-los completamente. Essa abordagem também nos ajuda a continuar a nos comunicar e a nos manter conectados entre as divisões disciplinares. Acredito que essa atitude, talvez eclética ou experimental, também pode ser uma forma de concordar com futuros possíveis, ou seja, com antropocenos alternativos. Para mim, no entanto, a questão da mudança sistêmica não diz respeito "apenas" ao nível científico ou filosófico (onde nós, humanistas e cientistas sociais, talvez estejamos mais à vontade), mas também, muito claramente, ao nível material de nossas infraestruturas e culturas. Não acredito que possamos avançar em direção a um futuro alternativo e sustentável - antropocenos alternativos - sem mudar radicalmente esses sistemas materiais, o uso de combustíveis fósseis, que hoje são a base de muitas sociedades neste planeta.
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Yolanda Cristina Massieu Trigo É doutora em Economia pela Universidade Nacional Autônoma do México, mestre em Sociologia Rural pela Universidade Autônoma de Chapingo e graduada em Medicina Veterinária e Zootecnia pela Universidade Autônoma Metropolitana-Xochimilco, onde leciona no curso de bacharelado em Sociologia, no curso de pós-graduação em Desenvolvimento Rural e no mestrado em Sociedades Sustentáveis. Seus temas de pesquisa são: impactos socioeconômicos, ambientais, políticos e culturais da biotecnologia agrícola; inovação tecnológica na produção agrícola e trabalhadores agrícolas; biodiversidade, bens comuns, ecologia política e propriedade intelectual; campesinato e soberania alimentar; agrocombustíveis e crise energética; bem como problemas socioambientais, socioeconômicos, tecnológicos e políticos da sociedade contemporânea em geral. Trabalha de forma colaborativa com diversas organizações sociais relacionadas às suas áreas de atuação. Ela é membro do Sistema Nacional de Pesquisadores nível 2. Tem várias publicações, incluindo três livros como única autora, apresentou mais de cem trabalhos em vários eventos acadêmicos e supervisionou 45 teses de graduação e pós-graduação sobre tópicos relacionados à sua especialidade.
Anthony Goebel Mc Dermott Possui doutorado em História pela Universidade da Costa Rica. Professor da Escola de História e pesquisador do Centro de Investigaciones Históricas de América Central (Centro de Investigações Históricas da América Central).cihac) dessa universidade. Atualmente, é diretor do programa de pós-graduação em História da América Central na Universidade da Costa Rica. Realizou pesquisas nas áreas de história ambiental, história da ciência e história econômica. Suas publicações recentes são "Transformações socioecológicas no espaço produtivo especializado em café e cana-de-açúcar no contexto da Revolução Verde. Costa Rica (1955-1973)", em Economia ecológicavol. 208, junho de 2023, 107790 (em coautoria com Andrea Montero Mora); "Land and Climate: Natural Constraints and Socio-Environmental Transformations", Robert H. Holden (ed.) (fevereiro de 2021). O Manual Oxford de História da América Central. Oxford: Oxford University Press, pp. 1-34 (digital); "Environmental History of Commodities in Central America", em Oxford Research Encyclopedia of Latin American History (Enciclopédia de Pesquisa Oxford de História da América Latina). Oxford: Oxford University Press, 2021, pp. 1-28 (em coautoria com Andrea Montero); "Forgotten Pandemics: The Case of Asian Influenza (a/h2n2) na Costa Rica (1957-1959)", em David Díaz e Ronny Viales (orgs.). Covid-19 e história na Costa Rica: crises e pandemias globais e locais (séculos xx-xxi)San José: Universidad de Costa Rica, cihac, 2022, pp. 173-225.
Eleonora Rohland é professora de História Entrelaçada nas Américas na Universidade de Bielefeld desde 2015. Ela se formou como historiadora econômica, social e ambiental na Universidade de Berna (Suíça) e obteve seu doutorado na Ruhr-University Bochum (Alemanha) em 2014. Desde 2017, ela é co-coordenadora do grupo de pesquisa Afrontar las Crisis Ambientales no Centro Maria Sibylla Merian de Estudios Latinoamericanos Avanzados en Humanidades y Ciencias Sociales (calas), Universidade de Bielefeld/Universidade de Guadalajara, México. Desde 2017, ela também é pesquisadora sênior no Centro de Investigación Colaborativa (crc) 1288: "Práticas comparativas: ordenando e mudando o mundo" na Universidade de Bielefeld. Desde 2023, Rohland é membro da diretoria do Centro de Pesquisa Interdisciplinar (ZiF) da Universidade de Bielefeld. Sua pesquisa atual se concentra na história do meio ambiente e, em particular, na história dos impactos e catástrofes climáticas sob a perspectiva da história entrelaçada. Nesse contexto, ele também está interessado no Antropoceno e em sua importante (e desigual) pré-história nas Américas.
Susana Herrera Lima é professor-pesquisador do Departamento de Estudos Socioculturais da iteso. D. em Estudos Sócio-Científicos e Mestre em Comunicação Científica e Cultural pela Universidade de São Paulo. iteso. Coordenador do Seminário Permanente de Estudos da Água da Universidade de São Paulo. iteso. Suas linhas de pesquisa estão localizadas na interseção entre a Comunicação Pública da Ciência e a Comunicação de problemas socioambientais e socioaquáticos. Desenvolve e coordena projetos transdisciplinares de pesquisa e comunicação pública da ciência sobre problemas socioambientais com participação cidadã. Membro do Sistema Nacional de Pesquisadores, nível 2. Professora e tutora no Mestrado em Comunicação da Ciência e da Cultura e no Doutorado em Estudos Científicos-Sociais. Co-coordenador do Laboratório "O Antropoceno como uma crise múltipla. Perspectivas da América Latina", no Centro de Altos Estudos Latino-Americanos Maria Sibylla Merian (calas) e editor da revista Manuais do Laboratório. Pesquisador do Observatorio de Comunicación y Cultura del iteso, etiusonde está desenvolvendo o projeto de pesquisa "Comunicação e cultura na era do Antropoceno". Fundadora e coordenadora da coleção de livros "De la academia al espacio público. Comunicando a ciência no México". É autora de publicações nacionais e internacionais e participa de comitês editoriais internacionais especializados.