Recepção: 5 de julho de 2023
Aceitação: 13 de outubro de 2022
Este ensaio fotográfico mostra o processo de dar visãoO projeto se baseia em uma prática de apresentação da barraca composta por determinados elementos estéticos que permitem um fluxo crucial de comunicação com outros atores nos tianguis para garantir sua continuidade. A importância da materialidade e da visualidade da barraca em termos de sua produção estética e das afetividades e valores que estão associados a ela e que resultam em uma linguagem visual do mercado é exposta. Este ensaio deriva do trabalho etnográfico realizado entre 2012 e 2013 em colaboração com a Ruta 8, uma das associações de comerciantes registradas no programa Mercado Sobre Ruedas (msr), coordenado pelo Ministério do Desenvolvimento Econômico (sedeco) da Cidade do México (cdmx).
Palavras-chave: venda ambulante, comunicação visual, cultura de trabalho, cultura material, estética, tianguis
A CONSCIÊNCIA DE ESTAR SENDO OBSERVADO: DANDO VISÃO NA BARRACA DO MERCADO AO AR LIVRE
Este ensaio fotográfico mostra o processo de dar visãouma prática de apresentação da barraca composta de certos elementos estéticos que permite um fluxo de comunicação crucial com outros atores do mercado para garantir sua continuidade. Isso mostra a importância da materialidade e da visualidade da barraca, tanto em sua produção estética quanto nas afetividades e valores associados a ela, que resultam em uma linguagem visual do mercado. Este ensaio é derivado do trabalho etnográfico realizado em 2012 e 2013 em colaboração com a Ruta 8, uma das associações de comerciantes registradas no programa Mercado sobre Rodas coordenado pela Secretaria de Desenvolvimento Econômico da Cidade do México.
Palavras-chave: venda ambulante, mercado ao ar livre, cultura material, dialética visual, estética, cultura do trabalho.
A barraca de tianguis é uma ocorrência diária na Cidade do México (cdmx). Uma vez por semana, os moradores de várias colônias se deparam com uma fileira de toldos coloridos instalados ao longo de uma rua. Esses são os tianguis ou mercados de rua, cujo fluxo e cruzamento de diferentes pessoas e objetos cria um espaço de possibilidades de subsistência, sociabilidade, exploração e recreação.
Movendo-se entre Agrícola Oriental, Satélite, Velódromo, San Rafael, Iztapalapa, Santa Fe, Roma e Nápoles, a associação de comerciantes da Ruta 8 abre suas portas por volta das cinco da manhã até as cinco da tarde durante a semana. A Ruta 8 pertence a uma rede de dez mercados de rua regulamentados pela Secretaria de Desenvolvimento Econômico da cidade. cdmx (sedeco) por meio do programa Mercados Sobre Ruedas (msr). Essas feiras de rua são classificadas como "rotas" porque cada uma foi designada a um circuito específico de bairros onde instalar as barracas. Cada rota é administrada por associações civis de tianguistas.
A Rota 8 atrai donas de casa, trabalhadores de escritório, turistas, taxistas, moradores de rua, jovens, crianças, idosos, religiosos e vendedores ambulantes, seja para comprar, se divertir, buscar convívio ou oferecer produtos e serviços, como táxis, aproveitando o fluxo de pessoas gerado pelos tianguis (o mercado).imagens 1 e 2).
A atenção acadêmica aos tianguis geralmente se concentra na análise político-econômica, principalmente a partir da dicotomia entre economia formal/informal, redes sociais e estudos de consumo (consulte Hart, 1985; Cross, 1998; Zinkhan, 1998). et al1999; Silva, 2007; Crossa, 2009; Bhowmik, 2010). Isso é explicável, pois o comércio de rua foi e continua sendo uma solução alternativa para lidar com as altas taxas de desemprego resultantes dos processos de globalização, da proliferação do setor terciário e da precariedade do mercado de trabalho (Aguilar, 1997; Gayosso, 2008; Mete et al., 2013). No entanto, poucas pesquisas abordaram o tianguis a partir das práticas cotidianas que o compõem (consulte Alba et al2007; Duhau e Giglia, 2009; León, 2010; Sandoval, 2020). Estou interessado em contribuir com essa última abordagem, pois acredito que o tianguis é um fenômeno que transcende a mera troca de mercadorias; em minha opinião, é muito mais do que uma parte da cadeia de produção, comercialização e consumo de mercadorias.
Vários autores criticaram a abordagem teórica dos estudos de consumo. Por exemplo, Graeber (2011) argumentou que a definição muito ampla do conceito de consumo leva à suposição de que toda a atividade humana está imersa na dinâmica de produção-consumo:
[...] "consumo" passou a significar "qualquer atividade que envolva a compra, o uso ou o desfrute de qualquer produto manufaturado ou agrícola para qualquer finalidade que não seja a produção ou a troca de novos produtos. Para a maioria dos assalariados, isso significa quase tudo o que se faz quando não se está trabalhando por um salário" (Graeber, 2011: 491).
Devido a essa definição ampla, alguns antropólogos passaram a argumentar que o consumo tem sido falsamente retratado como uma aquisição passiva, quando, na verdade, é uma importante forma de expressão. A partir disso, supõe-se que há diversos significados para os atos de produção e aquisição de bens que contribuem para a criação de valores, identidades e até mesmo subculturas. Mas, talvez, nos diz Graeber, "a verdadeira questão deveria ser por que o fato de os bens manufaturados estarem envolvidos em uma atividade humana define automaticamente a natureza dessa atividade" (Graeber, 2011: 491). Ao examinar o "consumo" como um conceito analítico, ela ressalta que "aqueles que analisam o consumo como um domínio autônomo de criação de significado quase nunca levam em conta os efeitos do trabalho" (Graeber, 2007: 76), porque nesses modelos a sociedade é dividida em duas esferas: produção e consumo. Isso nos força a "ver quase todas as formas de produção não alienadas como 'comportamento do consumidor'" (Graeber, 2007: 76). Considerando que a ideologia do consumo tem sido incansavelmente eficaz em nos ajudar a esquecer que a vida social é, e sempre foi, primordialmente sobre a construção mútua de seres humanos, Graeber aponta que pode ser mais esclarecedor ver o que temos chamado de "esfera do consumo" como a esfera da produção de seres humanos, onde a produção de coisas é apenas um momento subordinado.
Por exemplo, Sandoval (2020: 81) mostra como as pessoas costumam comprar fayuca pensando em outras pessoas a quem darão ou com quem compartilharão o que compraram. Ele nos diz que comprar fayuca é uma forma de recriar a prática social da família e que "as pessoas obtêm recompensas por se envolverem em tal recreação, e não pelo consumo de bens". Isso significa que "as compras são funcionais às práticas sociais e não representam a submissão dos consumidores ao mercado, uma vez que as práticas sociais permanecem sob o controle das pessoas, pois elas decidem quais são as práticas transcendentes em suas vidas" (Sandoval, 2020: 82).
Nesse contexto, considero o tianguis como um espaço de convivência social, de experiência compartilhada, onde opera o que Graeber chama de "uma espécie de comunismo dos sentidos" (Graeber, 2011: 509), o que contribui para transcender o domínio da ideologia do consumo como conceito analítico, a fim de estudar esse espaço a partir da construção mútua dos seres humanos. Neste ensaio, proponho uma abordagem a partir do corpo, em particular a partir do olhar da barraca de tianguis. A atenção à montagem cotidiana da banca expõe como é construído um sistema de comunicação, uma linguagem visual não verbal, constituída pelas minúcias da vida cotidiana e sustentada pelas necessidades, valores, princípios e expectativas dos tianguistas. Além disso, esse conteúdo é construído de forma recíproca, ou seja, a partir de um feedback baseado na comunicação e na interação diária com outros atores nos tianguis, como vendedores ambulantes, autoridades municipais e estaduais, moradores de rua, vizinhos e funcionários de escritório, compreendidos pela dinâmica social específica do mercado de rua..
Os visitantes ou, como os tianguistas os chamam, "marchantes", caminham mais ou menos de forma organizada entre os corredores estreitos dos tianguis demarcados pelas barracas, formando uma fila à direita para se mover em uma direção e uma fila à esquerda para caminhar na direção oposta. Mas, diferentemente de um shopping center ou supermercado, as pessoas andam próximas umas das outras. Com essa disposição do espaço, há também uma maneira específica de se aproximar das barracas. Todos os produtos estão literalmente à mão, convidando ao toque, bem como ao olfato, ao paladar e à audição dos donos das bancas. Os vendedores param nas barracas e se envolvem em conversas que muitas vezes transcendem as atividades comerciais. Os vendedores regulares muitas vezes se escondem nos fundos das barracas para conversar com os tianguistas enquanto eles separam seus produtos. Eles se atualizam sobre seus filhos, trabalho ou saúde. Eles também realizam seus próprios rituais de compras. Por exemplo, uma comerciante da Ruta 8 geralmente passa vinte minutos por semana selecionando nove laranjas em uma das bancas, tocando-as uma a uma até finalmente encontrar "as certas". Outros simplesmente saem para caminhar sem necessariamente fazer compras, como uma vizinha idosa em seu andador, acompanhada de sua filha (imagem 24). Alguns manifestantes optam por "la pruebita", uma amostra de um produto alimentício, como um saboroso pedaço de fruta preso em um palito ou um punhado de nozes cristalizadas, oferecido pelos tianguistas enquanto gritam frases atraentes como (imagem 26):
Güera, güera, aqui está o que você está procurando!
Meu jovem, sua mãe compra os mantimentos aqui, aqui!
Entre, chefe! Bons preços só para você, capitão!
Estar em um mercado de rua envolve o corpo em uma série de movimentos e estímulos sensoriais. O mercado acrescenta uma atividade rítmica à rua que transforma a paisagem urbana em um espaço mais voltado para os pedestres (Rojas, 2010: 8). Esse fluxo de pedestres de comerciantes de rua e tianguistas gera um universo de rua momentâneo, mas periódico, construído por uma série de interações, comportamentos e comunicações que começam com o que Watson chamou de esfregando. Watson (2009: 157) assume que os mercados são uma evidência contra a visão pessimista da sociabilidade na cidade, e argumenta que eles são um lugar de encontros sociais empolgantes para a inclusão social e o cuidado com os outros, para mediar diferenças, em suma, para a esfregando. Essa noção o define como uma forma de encontro limitado entre sujeitos sociais, em que o reconhecimento de diferentes outros por meio do olhar, de ver e ser visto, de compartilhar espaços incorporados em conversas ou em silêncios, tem o potencial de "neutralizar a retirada para o eu ou para a esfera privada" (Watson, 2009: 1518). Trata-se, então, de observar o tianguis a partir de uma abordagem de sua sociabilidade particular, como as relações sociais são produzidas, quais são as formas de se relacionar nesse lugar, quais são as subjetividades em jogo; ou seja, como a construção mútua de seres sociais ocorre nesse espaço.
Nesse sentido, o trabalho dos tianguistas envolve a criação de arranjos espaciais para construir essa experiência social e sensorial. Grande parte desse trabalho é realizada por meio da montagem da barraca. A lógica da montagem da barraca de tianguis é enquadrada neste ensaio fotográfico como uma prática cultural visual que se baseia em três considerações principais. A primeira é o conceito êmico de dar vista, que se refere a uma série de atividades e processos que definem a montagem da barraca e que estão associados a um conjunto de valores trabalhistas, afetivos e estéticos que os tianguistas consideram influenciar a continuidade dos tianguis e que, além disso, é uma fonte de orgulho em seu trabalho. A segunda consideração é a abordagem desse processo como um desempenhoonde é gerada uma lógica de aparência, coexistência e apresentação dos tianguistas que envolve a atenção e a incorporação estética de uma série de normas que permitem a comunicação e o intercâmbio com os manifestantes e outros atores nos tianguis. Por fim, considero a prática de dar a visão como uma forma de controle social e vigilância baseada na relação entre o sentido da visão e o poder.
A coisa nunca pode ser separada de alguém que a percebe, nunca pode ser efetivamente ela mesma, porque suas articulações são as mesmas de nossa existência e ela está situada no ponto de um olhar, ou no final de uma exploração sensorial, que a investe de humanidade. Nesse sentido, toda percepção é uma comunicação ou uma comunhão (Merleau-Ponty, 1993: 334).
No início do dia, os tianguistas borrifam água benta no asfalto vazio antes de montar suas barracas. Há uma sensação de incerteza que eles querem combater. O histórico de desaprovação e percepção negativa do comércio de rua aos olhos dos governos, da mídia e de certos setores da sociedade civil tem historicamente obstruído as possibilidades de consolidar o reconhecimento social e político dos tianguistas como trabalhadores legítimos (cnn, 2014; El Informador, 2014). Essa percepção é baseada em uma lógica binária de progresso econômico e social que dividiu a economia em "formal" e "informal". Hart (1985) observa que a "economia informal" é uma construção social, derivada de uma teoria weberiana de racionalização, em que o estado racional-legal é visto como o garantidor do progresso econômico. Torres (1998) observa que há uma mudança conceitual nos discursos sobre a pobreza, de uma preocupação com a "marginalidade social" para a do "setor informal", depois que a grave crise econômica mexicana da década de 1980 dizimou o produto interno bruto:
O setor informal não é real, ou seja, não existe; não porque a pobreza não exista (que é, em última análise, o referente do setor informal), mas porque ele é definido não pelo que é, mas pelo que deixa de ser; daí o significado de informalidade (irregularidade, aquilo que está fora de ordem) (Torres, 1998: 269).
A aplicação dessa lógica levou a uma série de desaprovações, deslocamentos, remoções e programas de despejo na história moderna dos tianguis (Silva, 2010). Cross (1998) argumenta que a "informalidade" não pode mais ser definida como não formal, uma vez que o Estado a reconhece e permite que ela exista sob um sistema de regras "extra-legais" que surgiram de negociações entre os comerciantes e o Estado.
Em condições tão ambíguas e frágeis e como parte dessa negociação, os tianguistas dedicam boa parte de seu dia de trabalho a inovações tecnológicas e estéticas na apresentação de suas barracas e produtos por meio da prática de dar uma olhada. Essa prática se torna uma forma de transformar os tianguis em uma plataforma de reconhecimento social, um palco em que os tianguistas não apenas se esforçam para garantir a continuidade do emprego, mas também demonstram suas habilidades criativas, o valor social de seu trabalho e o orgulho que sentem de seu trabalho.
Oferecendo uma visão consiste em trabalhar na apresentação estética e espacial da banca e dos produtos que a compõem. Seguindo a analogia de Goffman ([1956] 2001), a banca de tianguis é comparável a um palco teatral. Os tianguistas se esforçam para maximizar e embelezar o espaço da barraca como seu palco de ação. Isso envolve a seleção cuidadosa das mercadorias a serem exibidas, colocando-as ordenadamente na frente, visíveis de todos os ângulos, para permitir que os manifestantes parem, olhem atentamente e explorem. Minhas observações em campo me permitiram classificar duas formas gerais de orientar o olhar do comerciante: o olhar panorâmico e o olhar de perto. Os comerciantes de roupas tendem a se concentrar no olhar panorâmico instalando tetos altos em suas barracas e criando espaço extra para pendurar e exibir seus produtos, já que os manequins geralmente ocupam muito espaço horizontal. Por outro lado, os vendedores de alimentos parecem se concentrar mais na visão de perto, organizando os produtos por zonas de cores e, às vezes, criando prateleiras em camadas, exibindo os produtos de melhor aparência no topo da pilha (Imagens 11, 12 e 13).
O arranjo da barraca é um exercício de encenação baseado na observação atenta, no aprendizado herdado, na capacidade de improvisar e nas lembranças dos hábitos dos marchantes de acordo com as colônias em que é montada. Por exemplo, nas manhãs de segunda-feira, os vendedores de frutas preparam sucos coloridos em garrafas e copos transparentes com tampas e canudos e os expõem em um grande bloco de gelo. Eles fazem isso para atrair corredores e praticantes de exercícios físicos, pois às segundas-feiras a Rota 8 é montada ao lado de um complexo esportivo público. Depois de se exercitarem, a caminho de casa, os corredores param na barraca, cumprimentam-nos e levam o suco pronto para beber. A apresentação em um copo é uma prática mais frequente nessa colônia; em outras, como Nápoles, aos domingos, ou San Rafael, aos sábados, as garrafas de um litro são mais usadas, pois os corredores as levam para o café da manhã com suas famílias. Para os tianguistas, a apresentação é validada quando os marchantes retornam à barraca semana após semana ou quando pedem um copo ou um número específico de garrafas de suco de uma determinada fruta cítrica. Os tianguistas espremem e coam uma determinada quantidade de suco e reservam um determinado número de garrafas à espera da chegada do vendedor regular. Se ele não chegar no horário habitual, eles as vendem algumas horas depois. "Me dê coado", "me dê melhor sem coar", pedem alguns vendedores. A atenção personalizada é um dos motivos pelos quais eles querem continuar vindo aos tianguis, de acordo com vários marchantes. A partir da flexibilidade oferecida na apresentação do produto, as necessidades específicas dos marchantes são atendidas, o que faz com que eles continuem voltando. Essa troca e esse cuidado, que os vendedores interpretam como "boa atenção", geralmente resultam em longos relacionamentos sociais. Os tianguistas começam a dar atenção especial às particularidades dos marchantes e acrescentam ações de aproximação, como me disse Abel, um comerciante de bananas na Rota 8:
Você precisa ter um bom receptor. Um cliente chega e "ah, esse é assim"; você o vê, mas [com] seus olhos você está vendo quem chega, quem sai... há pessoas que supostamente fazem dietas muito rigorosas e, antes das refeições, não comem nada. E você sabe, você não o convida ou o coloca na sacola para não parecer ruim, pois você convida outros e esse não. O que você faz é se reservar; você corta uma banana pequena, coloca como um detalhe, coloca na bolsa dele e deixa ele levar, porque tem gente muito delicada [...] Muitas vezes o cliente, assim como você, traz problemas com ele, traz coisas na cabeça e não é muito bom para ele se você perguntar qual é o nome dele, se ele aceitar alguma coisa; então você se reserva. Todos nós somos diferentes. Há clientes que são até confidentes, você se torna confidente deles, eles lhe contam seus pequenos problemas, as coisas que estão acontecendo na família deles, eles passam para você e você se reserva para eles. Oito dias depois, você se lembra do assunto. Você se lembra: "Então, o que aconteceu com a situação?", e isso os anima e eles o animam.
Em seu trabalho sobre os tianguis de La Bola, localizados no sul de La Paz, o cdmxLeón (2010) observa que a elaboração de um sentido subjetivo de adaptação às condições de mudança é, para os tianguistas, uma forma de compensar a instabilidade econômica. Essa compensação, ele argumenta, é articulada por meio da "introdução de inovações tecnológicas que alteram a relação da atividade laboral com os objetos e os meios de trabalho", em que "a apresentação de objetos de alguma forma específica é uma estratégia do tianguista para comunicar informações e aumentar as possibilidades de venda de mercadorias" (León, 2010: 97-99). Embora a análise de León destaque a importância da apresentação dos produtos, ele não se aprofunda nos efeitos que as inovações tecnológicas nas bancas têm sobre as relações sociais, que começam exatamente nesse ponto, que ele chama de "comunicação de informações".
No caso dos tianguistas, dar uma visão é mais do que apenas fazer vendas. Acredito que as inovações tecnológicas andam de mãos dadas com duas questões principais. A primeira é a busca pela manutenção de um relacionamento social com o revendedor por meio da adaptação da apresentação dos produtos de acordo com as necessidades e particularidades do outro, o que, embora se traduza em mais vendas, também significa para os tianguistas uma forma de conhecer a vida de outras pessoas, de recriar, de socializar e de dar aos tianguis aquela atmosfera particular. Isso foi expressado de forma ilustrativa por Abel durante uma entrevista:
Abel: Tenho sido o confidente de muitos clientes, de muitos clientes. Talvez seja uma fricção de oito dias, não é? Às vezes é espontâneo. É como se às vezes as pessoas precisassem falar sobre algo que têm dentro de si. Mas elas não contam para os vizinhos porque sabem que eles ouvirão sobre isso na casa ao lado. Elas não contam para um parente e, com alguém que elas veem a cada 8 ou 15 dias, é fácil para elas expressarem o que está dentro delas. E você tem mais ou menos uma maneira de entender isso. É muito bom para eles e você acaba conhecendo-os, eles o levam muito em consideração.
Paola: Então as pessoas não vão aos tianguis só porque é barato.
Abel: Não, não, não. Há infinitas coisas. É divino. É claro que isso não acontece com todo mundo, certo? Conheço clientes que não conseguem nem ver o que está ao lado deles. Eles vão para relaxar, para se distrair; vão para as degustações clássicas que são muito gostosas e que não têm o mesmo sabor em casa. Há pessoas que, para dizer o mínimo, preparam sua jicama. Elas descascam a jicama e talvez o segredo seja não lavar as mãos. Não sei; eles colocam limão, chilito.... É delicioso com o cliente. Talvez eles estejam com calor, cansados e adoram um gostinho de jicama. E eles expressaram isso, disseram: "Eu vou para casa e descasco uma e não tem o mesmo gosto" e eles pegam o mesmo limão, o mesmo chilito, o mesmo sal e não. Eles também vão experimentar frutas da estação, vão se distrair.
A segunda questão tem a ver com os outros tianguistas e com uma ética de trabalho, em que um "bom comerciante" é aquele que se preocupa com a apresentação e o cuidado de seus produtos e de sua barraca (imagem 18).
Como uma forma de controlar sua exposição, dar visão Isso proporciona aos tianguistas uma sensação de estabilidade e orgulho em seu trabalho, com base em "outros" que, ao verem, podem legitimar a prática. Entretanto, as diferentes estratégias de dar visão têm implicações que são consideradas positivas ou negativas, dependendo das fronteiras sociais e políticas que os comerciantes cruzam. A movimentação de objetos para acomodar e apresentar produtos às vezes interfere nas normas implícitas estabelecidas.
O tianguis é montado na rua, um espaço ao ar livre, público e aberto, onde há pouco controle sobre a entrada e a circulação de pessoas. Em outros espaços de consumo, como shopping centers e supermercados, os modos de ser são definidos pelas regras e normas do espaço privado: a circulação de pessoas ocorre em ambientes fechados, as áreas dedicadas às compras são extensas e as entradas são controladas por guardas e/ou câmeras de segurança (Capron e Sabatier, 2007). Com a divisão entre interior e exterior, Sennett observou que "o que caracteriza a construção de nossas cidades é a contenção por trás de um muro de diferenças entre as pessoas, com base no pressuposto de que essas diferenças têm mais probabilidade de serem mutuamente ameaçadoras do que mutuamente estimulantes" (Sennet, 1992: xii). Para ele, isso é um reflexo de um "medo inconsciente de exposição", em que ser exposto implica a probabilidade de ser ferido. O uso de câmeras ou seguranças nas entradas dos supermercados ajuda a evitar a exposição de certas pessoas a outros: esses "outros" são determinados por sua falta de afiliação, sua aparência ou por pertencerem a uma categoria social indesejável. Nos tianguis, onde não há essa vigilância, a possibilidade de ser exposto a outras pessoas é um fato inevitável da vida. Entretanto, mesmo na ausência de um olho panóptico - como é a sala de controle das câmeras de vigilância - o controle social é exercido, mas de uma maneira diferente. Na ausência de um ponto central que olhe para todos e para o qual todos os olhares estejam voltados (Foucault, [1975] 2002), no tianguis, os olhares de controle estão voltados uns para os outros (imagem 19).
Oferecendo uma visão pode ser entendido como uma prática de exposição social; mas, como tal, é também uma forma de controle a partir do momento em que a vigilância social é exercida sobre o que é exposto. Isso pode ser observado se aplicarmos novamente a perspectiva dramatúrgica de Goffman:
Quando o indivíduo se apresenta diante dos outros, seu desempenho [desempenhoO (e, de fato, mais do que seu comportamento geral (Goffman, [1956] 2001: 47 [tradução minha]).
Quando uma pessoa traz consigo informações ou comportamentos que não podem ser integrados em uma situação, ocorre uma ruptura da ordem normativa, e o desempenho do indivíduo é considerado malsucedido. Isso se manifesta entre os tianguistas por meio de um código moral aplicado à apresentação de seus produtos. Os comerciantes que fazem pouco ou nenhum esforço na apresentação da barraca são vistos como "desleixados" pelos supervisores, líderes tianguistas, colegas e vendedores. Sua falta de interesse é vista como prejudicial ao reconhecimento social dos tianguis como uma organização legítima de trabalhadores. Assim, a apresentação da barraca reflete a qualidade moral do "bom comerciante".
Uma das estratégias de dar visão Às vezes, envolve a expansão da barraca além dos limites autorizados marcados nos cartões emitidos pela sedeco. Os tianguistas ficam muito atentos quando outros comerciantes ampliam suas barracas para exibir mais produtos e melhorar sua apresentação, mesmo que seja em apenas alguns centímetros. A expansão de uma barraca é chamada de "anexo". Um anexo pode consistir em caixas empilhadas na frente ou nas laterais da barraca, com mercadorias colocadas em cima delas. No entanto, essa prática dificulta a movimentação dos comerciantes ao estreitar o espaço do corredor. Além disso, gera tensões entre os tianguistas porque aqueles que não instalam anexos veem isso como "concorrência desleal", pois obtêm vantagens comerciais ao ocupar espaço extra (veja as imagens abaixo). 21 e 22).
O mesmo argumento de concorrência desleal se aplica quando se excede a gama de produtos de um tianguista. Em uma ocasião, depois de pendurar algumas meias, Olimpia, a proprietária da barraca de meias, sussurrou para mim que a mulher da barraca ao lado havia trazido "muitos" painéis para usar na apresentação da mercadoria. Quando lhe perguntei o que significava "demais", ela respondeu:
Bem, isso significa que ele está trazendo mais produtos para vender e, daqui, posso ver que ele está trazendo roupas de bebê. Ela não tem permissão para fazer isso. Veja, aquela senhora é minha concorrente; ela também vende meias, mas se ela está trazendo roupas de bebê para vender, isso não é justo para mim.
É considerado inadequado que um comerciante ofereça outros produtos que não pertençam ao seu ramo de negócios. Nesse caso, "atos que parecem ser feitos em objetos são transformados em gestos dirigidos ao público. O ciclo de atividade é dramatizado" (Goffman [1956] 2001: 267 [tradução minha]). Esses atos são identificados principalmente por meio de vigilância visual.
Sartre (1993) ressalta que, por meio da visão, é possível exigir um determinado comportamento público. O poder está incorporado na visão, a tal ponto que é visto como uma causa da alienação dos desejos e do ser. "O que significa para mim ser visto? "O que significa para mim ser visto?", pergunta Sartre (1993: 287). Sua resposta se concentra na vergonha, definida como o reconhecimento do eu como objeto de outro que olha e julga. O reconhecimento do olhar do outro é a solidificação e a alienação das possibilidades daquele que é visto. Em dar visãoO olhar recebido solidifica o reconhecimento do comerciante "bom" ou "ruim". Ao mesmo tempo, esse olhar estabelece uma estrutura de aparências que deve ser mantida em favor da continuação do trabalho, "quaisquer que sejam os sentimentos ocultos por trás das aparências" (Goffman, [1956] 2001: 257).
Na Rota 8, mais três figuras representam olhos atentos: o coordenador do sedecoO representante ou líder dos tianguis e os comitês de bairro. Mas, diferentemente dos olhos de outros tianguistas, esses olhos têm mais poder de decisão sobre os tianguis. O governo local, por meio do coordenador do sedecoUm coordenador é uma pessoa que tem autoridade para dar determinadas instruções e impor sanções aos tianguistas. Ele monitora aspectos como: a manutenção de cada barraca (por exemplo, se precisa ser pintada ou se está desgastada), a posse do cartão com o número de registro da barraca, a presença de uma cesta de lixo, a vestimenta dos vendedores - especialmente em relação ao uso de aventais - e a limpeza das barracas. De acordo com o coordenador, todas essas considerações são "coisas que dão ao mercado uma presença, que dão a ele uma boa imagem, uma visão favorável" (fotos 20 e 23).
Os comerciantes sentem ansiedade e alguns ficam chateados sempre que o coordenador os instrui a se limitarem aos espaços autorizados para suas bancas ou a se deslocarem para evitar uma sanção. As sanções podem envolver a suspensão da atividade comercial por dois a seis dias consecutivos (Diário Oficial do Distrito Federal, 2007: 3-5).
No entanto, apesar das atividades de monitoramento realizadas por meio da supervisão, o coordenador da Ruta 8 costuma ser tolerante e flexível. Isso se deve, em parte, ao fato de haver uma consciência compartilhada das condições ambíguas em que ambas as partes, tianguistas e coordenador, se encontram nessa linha de trabalho. O governo não fornece recursos suficientes para que os coordenadores realizem seu trabalho. O coordenador não tem um contrato fixo; ele é pago por visita. Ele também precisa cobrir suas despesas de viagem e refeições, pois passa o dia inteiro no mercado, caminhando vários quilômetros. Os tianguistas geralmente o convidam para almoçar e o apoiam em seu trabalho, como no caso da Ruta 8, e assim é gerada uma relação de trabalho amigável.
Por outro lado, para cada organização de tianguistas há um representante ou líder eleito. Entre suas funções, essa figura avalia a desempenho dos comerciantes e proporciona visibilidade política. Além de ser comerciante, ela lida com reclamações, avalia os novos tianguistas que solicitam espaço nas bancas, lida com funcionários públicos e comitês de bairro, cobra taxas e monitora as notícias sobre os tianguis. Outra de suas tarefas é observar sistematicamente a apresentação das barracas quando elas são montadas e quando são desmontadas. Ele direciona a atenção dos tianguistas para certas práticas que poderiam gerar opiniões públicas desfavoráveis sobre o mercado. Essa supervisão também ocorre na cobrança de taxas uma vez por semana. Por sua vez, seus colegas também aproveitam a oportunidade para informá-lo sobre desentendimentos com vizinhos, vendedores ou outros colegas.
Uma visão principal que o representante leva muito em conta é a dos comitês de bairro. Quando os tianguis são montados em áreas de classe média alta, como a colônia Condesa, há uma preocupação especial com a visão das barracas (imagem 27). Nessas áreas, a participação política dos vizinhos, por meio de comitês de bairro com forte influência sobre o governo, forçou os comerciantes a tomar cuidado extra com suas barracas em termos de limpeza, apresentação, comportamento e cuidados com a infraestrutura da colônia, como jardineiras e cercas. Em uma ocasião, durante uma visita de supervisão no bairro de Nápoles, os vizinhos chamaram a atenção dos tianguistas para o desgaste da pintura das cercas de metal que cercam as jardineiras de rua, que os tianguistas às vezes usam para amarrar as cordas que prendem as lonas. Os comerciantes que jogam cartas ou bebem nos fundos das barracas também são reprovados. As reclamações nessas áreas tendem a chegar às autoridades muito rapidamente e, se não forem resolvidas, os comitês de bairro tomam medidas legais.
Nos tianguis, as pessoas se tornam espectadoras da alteridade e se expõem umas às outras. De fato, isso é o que se espera desse espaço específico. A consciência de estar sendo observado, no caso dos tianguistas, é articulada por meio da apresentação da barraca. É por meio dessas superfícies materiais e sensoriais que surge grande parte da sociabilidade característica dos tianguis.
A prática diária de dar visão funciona como comunicação visual entre os tianguistas e outros atores do mercado. Ao se esforçarem na apresentação de sua barraca, os tianguistas se preparam para serem vistos, para serem socializados; eles se preparam para serem vistos, para serem vistos, para serem vistos, para serem vistos. esfregando. Além disso, por meio do esfregandoOs negociantes reúnem novas ideias para suas apresentações e interações e conhecem os negociantes. O conhecimento de dar visão contribui para a criação de um corpo de comerciantes regulares e, portanto, de relações sociais, o que garante as vendas e, portanto, o sustento, mas também cria a atmosfera de convívio característica de um tianguis. Além disso, o investimento de esforço em dar visão gera um senso de orgulho no trabalho, que contrabalança a falta de visibilidade social na esfera do trabalho convencional.
Ao investir esforços na apresentação da barraca, os tianguistas estão se engajando na manutenção de uma imagem pública favorável, em resistência à moralidade associada às chamadas práticas econômicas "informais". O sentimento de orgulho que um tianguista manifesta na apresentação de sua barraca é uma forma de ser reconhecido pelos outros como um trabalhador legítimo. Oferecendo uma visão desempenha um papel importante na afirmação e validação de seus esforços. Sennett destacou que "apreciar o que se vê no mundo nos leva a mobilizar nossos poderes criativos" (1992: xiv). Para os tianguistas, isso significa que o esforço criativo de dar visão Isso lhes dá legitimidade e valorização de seu trabalho, pois, por um lado, é uma parte crucial da manutenção de seu trabalho e, por outro, significa que eles são geradores de uma forma alternativa de convivência no ato de comercializar. Colegas tianguistas, representantes de outras associações de comerciantes, funcionários públicos e marchantes reafirmam esse valor, que se torna motivo de orgulho em seu trabalho.
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Paola Garnica é bolsista de pós-doutorado do Conacyt no El Colegio de San Luis. Ela tem mestrado e doutorado em Antropologia Social com Mídia Visual pela Universidade de Manchester, Reino Unido. Seus tópicos de pesquisa incluem a percepção e o imaginário dos espaços, a migração chinesa em San Luis Potosí e os usos rituais e terapêuticos do peiote a partir de uma abordagem de defesa territorial biocultural. Ela é co-diretora do documentário ...E eu não vou sair do bairro! (2019).